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Segurança começa e termina com você!

UMA MENSAGEM DO GERENTE DA SKYDIVE PERRIS, DAN BRODSKY-CHENFELD

Saltar de um avião em perfeitas condições não é uma coisa normal de se fazer. É preciso ser uma pessoa especial para fazer um primeiro salto e ainda mais especial para se tornar um paraquedista. Somos pessoas que compartilham uma paixão intensa e distinta pelo voo humano. A paixão é tão forte que apesar do risco significativo, do investimento, do sacrifício e do senso comum básico, somos levados aos céus onde enfrentamos nossos medos e aprendemos a voar. E não há nada no mundo que se compare a voar.

A única coisa que pode diminuir o amor pelo paraquedismo é ver ou ouvir a respeito de acidentes. Sempre que um paraquedista morre ou é gravemente ferido, fere a todos nós. A boa notícia é que a indústria encontrou as causas mais comuns de acidentes no paraquedismo e nós temos o poder de evitar a
grande maioria deles. O nosso inimigo é a complacência. Os incríveis avanços em treinamentos e equipamentos embalaram muitos de nós numa falsa sensação de segurança. Ficamos mais confortáveis e confiantes no ar com apenas um punhado de saltos. Não faria mal se ficássemos amedrontados por um pouco mais de tempo. Estas habilidades avançadas em queda livre nem sempre correspondem à uma boa consciência de voo. Boas habilidades de sobrevivência para tomadas de decisão vêm apenas com prática e experiência.

São apenas os paraquedistas que podem tornar o céu mais seguro. Mesmo que tenhamos o melhor equipamento e sejamos beneficiados por um ótimo treinamento numa DZ com rígidas regras de segurança, nós temos que assumir total responsabilidade por fazer a segurança acontecer. A boa notícia é que não é difícil ou complicado praticar paraquedismo com segurança. Sabemos o que pode dar errado no ar. Os procedimentos ideais para lidar com a maioria destas emergências são simples, mas são também bastante sensíveis ao tempo. Se identificamos um problema, devemos responder de forma automática e imediata.

Relembre lá atrás quando você era aluno: a queda livre era rápida e barulhenta, seu coração batia, a adrenalina corria por suas veias. Você arremessava seu pilotinho e ia gentilmente reduzindo a velocidade conforme seu paraquedas abria. Pendurado debaixo dele, tudo era silencioso e sereno, o oposto da queda livre. Assim que olhava para o seu velame, era como se ele estivesse olhando para você e dizendo, “Está tudo bem, estou com você”. A sensação era como se estivesse recebendo carinho dele … seu melhor amigo. Então, se você olhar para o velame e não estiver recebendo nenhuma afeição, desconecte!

Você pode se treinar para responder imediatamente e corretamente às emergências : 1) Planejando, visualizando e ensaiando a sua resposta para cada emergência até que a resposta se torne memória muscular. Não espere até algo dar errado para então tentar entender como irá agir. A sua decisão e execução do procedimento correto precisa ser automática. Estas emergências incluem, mas também não são limitadas à:

• Emergências de aeronave (você deve estar completamente equipado quando embarca no avião e saber o que irá fazer caso precise sair a qualquer altitude)
• Estar muito perto de outros na hora da separação e do comando.
• Ter um comando difícil.
• Panes no velame principal.
• Velames abertos nas proximidades.
• Colisões de velame
• Pousos com ventos turbulentos ou de cauda (esteja sempre preparado para um rolamento).

Crie os hábitos corretos. A única forma dos procedimentos corretos se tornarem automáticos e instintivos é se você fizer direito sempre. Faça o wave-­‐off e cheque o espaço à sua volta sempre antes de comandar, mesmo que esteja num salto solo. Colapse o seu velame assim que pousar, e vire-­‐se para ver se há outra pessoa na final, mesmo que você tenha feito um hop-­‐and-­‐pop e saiba que não há mais ninguém no ar. Pratique os hábitos e procedimentos corretos quando você não estiver precisando, e eles estarão lá quando você precisar. 2) Esperar que alguma coisa que possa dar errado dará errado em cada salto que você fizer.

É mais provável que você responda de forma correta e imediata se estiver antecipando o problema. Ficar surpreso com uma situação normalmente atrasa a sua resposta. Durante a separação, espere que os outros estejam próximos de você. Espere por um comando difícil. Espere por uma pane. Espere que outros velames venham em sua direção. Espere que alguém corte o seu trajeto na navegação.

Um comando difícil é um bom exemplo. Muitas vezes, paraquedistas que comandaram baixo me disseram que se complicaram na hora de encontrar ou puxar os seus pilotinhos, mas que conseguiram na terceira tentativa. Bem, se um paraquedista tirou seu pilotinho na terceira tentativa, puxar não foi tão difícil! A diferença é que na terceira, eles esperaram que fosse difícil. Espere que seja difícil sempre, e leve a sério a primeira vez!

Não estar em segurança não é legal. O céu é grande e o gerente da DZ não pode ver tudo. É preciso de todos os paraquedistas na sua DZ para torná-­‐la uma área de salto segura. Se você vê pessoas sendo complacentes, chame a atenção delas. Se não estiverem prestando atenção suficiente num padrão de navegação seguro, diga isso à elas. A maioria das pessoas tem um grande respeito pela segurança e acham que estão voando corretamente. Deixe-­‐os saber quando não estiverem.

Estou saltando a 33 anos, tenho mais de 25.000 saltos e nunca fiquei gravemente ferido. Eu gostaria de pensar que este fato se deve ao meu empenho e às minhas tomadas de decisões inteligentes. Mas eu também sei que tive sorte muitas vezes. À esta altura, imagino que minha sorte já tenha se esgotado. Hoje faço todos os esforços para manter este alto grau de segurança e estar preparado para qualquer coisa a qualquer momento. Por favor, considerem fazer o mesmo. Não há espaço no nosso esporte para a complacência.

TRADUZIDO POR GUILHERME SABOIA – BRAZIL 2013